O FILME
O documentário “Arpilleras: bordando a resistência” vai contar as histórias
de cinco mulheres atingidas por barragens em cinco regiões brasileiras.
Vidas inteiras alagadas pelo discurso do desenvolvimento.
Os relatos, apesar de singulares, denunciam em comum a lógica predatória das empresas do setor elétrico, vigente em todo o país. Comunidades inteiras deparam-se com a negação do direito à informação, à terra e à memória. Para as mulheres, as violações de direitos são ainda maiores. Com a chegada de milhares de operários nos pequenos municípios que abrigam os canteiros de obras das hidrelétricas, por exemplo, há um aumento exponencial de assédio sexual, tráfico de mulheres, prostituição e estupro.
O filme vai em busca destas histórias para denunciar à sociedade brasileira e internacional a violação de direitos das mulheres, especialmente. E vai mostrar também o protagonismo e coragem destas mulheres na luta pelos direitos.
De algumas centenas de quilômetros, no Chile, vem o exemplo de mulheres dos subúrbios de Santiago que transgrediram o papel da costura. Com a roupa de seus parentes desaparecidos, a partir de uma técnica de bordado, construíram as “arpilleras”, verdadeiras narrativas históricas das atrocidades cometidas pelos militares chilenos, entre os anos de 1973 e 1990.
Mas como unir a resistência chilena à ditadura e a organização da população atingida por barragens no Brasil? O sofrimento e a dor de cada pessoa não são comparáveis, mas o desafio de se converter em autora da sua própria história pode, sim, ser comparado. Desde 2013, a técnica das arpilleras vem sendo utilizada pelas brasileiras para contar as histórias de violações e injustiças nos territórios de construção de barragens. As cinco mulheres atingidas contarão suas histórias no documentário e a “costura” se dará pela construção de uma arpillera, que viajará diversas geografias, representando o drama e a luta de mais de um milhão de pessoas que já foram atingidas por barragens no Brasil.